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Oficina da CONAREDD+ reúne governos e sociedade civil para discutir salvaguardas socioambientais de REDD+

Publicado: Quarta, 16 de Outubro de 2024, 15h14 | Última atualização em Quarta, 16 de Outubro de 2024, 15h22

Abertura da oficina sobre salvaguardas

Cerca de 200 pessoas, entre representantes de governos, da sociedade civil, de organismos internacionais, do setor privado, dos povos indígenas, das comunidades tradicionais e agricultores familiares, reuniram-se de 8 a 10 deste mês, em Brasília, para a Oficina Técnica “Salvaguardas Ambientais em Programas de REDD+ e Projetos de Carbono Florestal”, no âmbito da Comissão Nacional para REDD+ (CONAREDD+). O evento foi organizado pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança do Clima (MMA), com apoio do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e do Fundo Verde para o Clima (GCF), por meio do Projeto Floresta+ Amazônia e em parceria com o GT de Salvaguardas dos Estados da Amazônia Legal .

A oficina teve como objetivo promover a discussão e recolher subsídios sobre o atendimento às salvaguardas socioambientais em programas de REDD+ e projetos de carbono florestal, incluindo a aplicação desses parâmetros em terras públicas ocupadas por povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, além de alinhar a temática ao Sumário Nacional de Informações sobre Salvaguardas e implementação do SISREDD+.

Em três dias de programação, os/as participantes tiveram a oportunidade de trocar experiências, debater e produzir  subsídios para a construção de diretrizes e recomendações de salvaguardas em programas de REDD+ e projetos de carbono florestal, tendo como norteador as legislações e Políticas vigentes como a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental de Terras Indígenas (PNGATI) e a Política Nacional de Gestão Territorial e Ambiental Quilombola (PGTAQ). Os painéis apresentados trataram de temas relacionados aos desafios na implementação de iniciativas de REDD+ em territórios de PIPCTAFs, governança participativa, o papel das mulheres na conservação e na agenda climática, instrumentos de gestão ambiental e territorial, proteção de direitos e transparência, repartição de benefícios justa e equitativa em programas e projetos de REDD+ e o papel da sociedade civil organizada na implementação da Estratégia Nacional para REDD+ (ENREDD+) e das iniciativas. O terceiro, e último dia, foi dedicado aos trabalhos em grupo, nos quais estes temas foram abordados e debatidos, produzindo os subsídios para a elaboração de diretrizes e recomendações pelos grupos técnicos.

Durante a abertura, a coordenadora da Coordenação Nacional de Articulação de Quilombos (Conaq), Célia Cristina Pinto, considerou muito importante envolver as comunidades e povos tradicionais na discussão. “Nada pra nós sem nós. Então não vamos dialogar sobre salvaguardas de REDD+ que vão impactar nosso povo sem nossa participação. Só nós sabemos o que deve ou não ser importante ou interessante, porque estamos no território, temos uma relação direta com o meio ambiente e com os recursos naturais. A partir do momento que esses recursos naturais são afetados, nós também somos afetados diretamente”, afirmou.  

O coordenador da Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (Coiab), Toya Manchineri, ressaltou a liderança do governo brasileiro na pauta ambiental e na defesa do meio ambiente e reforçou a importância da capacitação dos “parentes indígenas” para que todos se sintam envolvidos nas políticas e nos projetos de REDD+, incluindo o REDD+ jurisdicional (programas de REDD+ que considera uma jurisdição – Estado, País). “Se a gente não consegue se sentir parte do processo, provavelmente o recurso entra, mas não vai dar certo”, enfatizou.

A coordenadora do Projeto Floresta+ Amazônia, Regina Cavini, reforçou a missão do PNUD de apoiar o governo brasileiro e a discussão ampla e fortalecida. Essa é uma discussão positiva e de construção para entender e alinhar as diferenças. Temos um caminho para continuar debatendo e levantar essas diretrizes que o Governo Federal, os estados, as comunidades tradicionais e os povos indígenas já vêm discutindo e trabalhando”, afirmou Cavini.

O secretário de Controle do Desmatamento e Ordenamento Ambiental Territorial do MMA, André Lima, fez um chamado para que todos participem da discussão sobre REDD+ e salvaguardas ambientais. “O eixo dos instrumentos econômicos no Plano de Prevenção e Controle dos Desmatamentos na Amazônia é o que menos avança seja porque os agentes ambientais não têm experiência acumulada na agenda, seja porque o volume de recursos ainda não é o necessário”, explicou.  

Grupo ao final da oficina

Entre os principais resultados da oficina está o encaminhamento desses subsídios para que o GTT Salvaguardas construa uma proposta de resolução com diretrizes e/ou recomendações para a implementação de programas e projetos de carbono florestal em terras públicas ocupadas por povos indígenas e povos e comunidades tradicionais, e agricultores familiares assentados da Reforma Agrária, para análise e aprovação da Comissão Nacional para Redução das Emissões de Gases de Efeito Estufa Provenientes do Desmatamento e da Degradação Florestal, Conservação dos Estoques Florestais, Manejo Sustentável e Aumento de Estoques de Carbono Florestal (CONAREDD+). “A partir daqui, vamos avançar para, finalmente, ter uma regulamentação clara e equilibrada que respeite profundamente a autonomia dos povos e comunidades tradicionais e dê o apoio necessário para evitar que a exploração e o dano a esses territórios continuem. É responsabilidade do governo apoiar essas comunidades dessa forma e a gente vai discutir e construir isso junto”, ressaltou o diretor de Políticas de Controle do Desmatamento e Queimadas do MMA, Raoni Rajão.

Rajão também enfatizou a importância de avançar rumo à criação do GT de Repartição de Benefícios dentro do CONAREDD para garantir que os recursos cheguem a todas as comunidades, mesmo aquelas com maior dificuldade de fazer projetos. “O recurso tem que estar reservado, tem que estar garantido, para que essas populações tenham acesso”, completou.

Sobre o Floresta+ Amazônia

É uma iniciativa do MMA e  PNUD Brasil, com apoio do GCF. Até 2026, serão investidos US$ 96 milhões, o equivalente a quase R$ 540 milhões em diversas frentes nos nove estados da Amazônia. Os valores são oriundos dos resultados de REDD+ alcançados pelo Brasil em 2014 e 2015. As ações apoiadas são divididas em cinco modalidades: Conservação, Recuperação, Comunidades, Inovação e Instituições, além do fortalecimento da Estratégia Nacional de REDD+ (ENREDD+), que apoiou a realização desta oficina. 

 

 

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