Seminário técnico-científico discute degradação e recuperação florestal
Em três dias de reunião cientistas buscaram uma melhor compreensão das dinâmicas florestais no contexto de REDD+
Como estimar as emissões de gases do efeito estufa da degradação florestal? Como a recuperação de florestas pode ser melhor representada pelas submissões internacionais de REDD+? Estas e outras perguntas nortearam o trabalho de representantes da comunidade científica em reunião organizada pelo Ministério do Meio Ambiente, com apoio do Programa Cerrado Federal e da Organização do Tratado de Cooperação Amazônica (OTCA). O Seminário Técnico-Científico sobre Degradação e Recuperação Florestal nos Biomas Amazônia e Cerrado ocorreu em Brasília entre os dias 17 e 19 de outubro e contou com a participação de representantes de instituições de pesquisa brasileiras, de órgãos federais de meio ambiente e de países da Bacia Amazônica. O objetivo foi compreender melhor as dinâmicas florestais nesses biomas a fim de prover insumos para futuras submissões de REDD+ para a Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC na sigla em inglês).
Em três dias de trabalho, foram abordados temas como as políticas de mudança do clima e florestas, o emprego da modelagem da estimativa de emissões para subsidiar políticas públicas, as iniciativas de recuperação de áreas degradadas, os efeitos do fogo na vegetação e o monitoramento da degradação florestal. A reunião se originou por demanda do Grupo de Trabalho Técnico sobre REDD+ (GTT REDD+), que considerou apropriado uma discussão em um grupo expandido sobre os papéis da degradação florestal e das florestas secundárias para melhor compreender como abordar esses temas no desenvolvimento de um nível de referência de emissões florestais (FREL na sigla em inglês) para todo o território nacional. Os debates foram organizados entre sessões de palestras e grupos de discussão com base em perguntas orientadoras.
Os debates em grupo produziram diferentes orientações para as políticas brasileiras de mudança do clima e florestas. Os especialistas concordaram que, diferente do que se observa hoje para o desmatamento, compreender melhor a degradação florestal e a recuperação de florestas pode requerer a produção de novos dados pelas instituições de pesquisa, bem como a avaliação dos mais recentes produtos de sensoriamento remoto. Importante salientar que os critérios de avaliação internacional das submissões foram considerados para nortear a principal demanda por esse tipo de informação por parte do MMA, porém, a discussão não se ateve ao contexto de REDD+.
Ficou patente a necessidade de alinhamento de processos que envolvam dados de uso da terra, sobretudo de elaboração do Inventário Florestal Nacional (IFN), de compilação de dados para o Inventário Brasileiro de Emissões e Remoções Antrópicas de Gases de Efeito Estufa e da organização de submissões de REDD+ à UNFCCC. Nesse sentido, exposições do Equador e da Colômbia demonstraram que a harmonização de metodologias confere robustez técnica às estimativas de emissões para fins de pagamento por resultado de REDD+. Estes e outros países da Bacia Amazônica contam com informações de campo extraídas de seus inventários florestais nacionais, o que garante maior acurácia das estimativas de emissões tanto do desmatamento como da degradação florestal. Além do processo de articulação interinstitucional, a troca de experiências sobre incertezas associadas às estimativas de emissões da degradação emergiram como pontos relevantes para futura cooperação entre países da região.
Os resultados das discussões serão analisados pelo GTT REDD+ em sua próxima reunião em dezembro, o que permitirá traçar estratégias para a elaboração de submissões de REDD+ nos próximos anos. Desde a submissão do FREL Amazônia em 2014, o Brasil tem reiterado sua intenção de submeter um FREL com base na estimativa de emissões para todos os biomas brasileiros, o que dependerá de novas rodadas de contribuições dos especialistas brasileiros.
Veja a seguir a programação do evento:
Terça-feira 17 de outubro:
Horário | Palestrantes | Tema |
Abertura | ||
9h30 | Credenciamento e café de recepção | |
10h00 | Jair Schmitt (MMA) | Abertura |
Mesa 1 Políticas públicas de mudança do clima e florestas: pensando para além do desmatamento |
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10h30 | Joberto Freitas (SFB) | Como o IFN permanente como componente de um sistema nacional de monitoramento de florestas |
11h00 | Roberta Cantinho (MCTIC) | Papel das florestas no contexto do Inventário de Emissões |
11h30 | Alexandre Avelino (MMA) | Como aprimorar os relatos à Convenção do Clima sobre desmatamento e degradação florestal para REDD+? |
12h00 | Almoço | |
Mesa 2 Modelagem da estimativa de emissões por degradação e recuperação da vegetação |
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14h00 | Talita Assis (INPE) | INPE-EM: Estimativas de emissões de gases do efeito estufa por mudanças de cobertura da terra |
14h30 | Luiz Aragão (INPE) | Quantificação de curto e longo prazo da perda de biomassa em florestas degradadas na Amazônia |
15h00 | Britaldo Soares-Filho (UFMG) | OTIMIZAGRO e FISC-Amazon: Cálculo de emissões do uso da terra e da degradação florestal |
15h30 | Café | |
16h00 | Debate | Trabalho com base em perguntas orientadoras |
17h30 | Encerramento do primeiro dia |
Quarta-feira 18 de outubro:
Horário | Palestrantes | Tema |
Mesa 3 Iniciativas de recuperação de áreas degradadas |
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8h30 | Sílvio Brienza (Embrapa Amazônia Oriental) |
Recuperação de florestas degradadas por sistemas agroflorestais no bioma Amazônia |
9h00 | Alexandre Bonesso Sampaio (ICMBio) |
Tipos de degradação em formações savânicas e campestres do Cerrado |
9h30 | Alessandra Rodrigues (INPE) | TerraClass Amazônia: detalhes sobre o mapeamento de vegetação secundária |
10h00 | Mateus Dala Senta (MMA) | O papel da pesquisa e desenvolvimento para a construção do Plano Nacional de Recuperação da Vegetação Nativa (Planaveg) |
10h30 | Café | |
11h00 | Debate | Trabalho com base em perguntas orientadoras |
12h00 | Almoço | |
Mesa 4 Os efeitos do fogo sobre a vegetação dos biomas Amazônia e Cerrado |
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14h00 | Heloísa Miranda (UnB) | Degradação por fogo e a regeneração de parcelas do Projeto Fogo no bioma Cerrado |
14h30 | Naomi Sato (UnB) | Cálculo de emissões da degradação por fogo no bioma Cerrado |
15h00 | Christian Berlinck (ICMBio) | Experiências do ICMBio com o manejo integrado do fogo na Amazônia e no Cerrado |
15h30 | Café | |
16h00 | Debate | Trabalho com base em perguntas orientadoras |
17h30 | Encerramento do segundo dia |
Quinta-feira 19 de outubro:
Horário | Palestrantes | Tema |
Mesa 5 Meios para o monitoramento da degradação florestal |
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8h30 | Maria Isabel Escada (INPE) | Detecção e mapeamento de trajetórias de degradação florestal: os exemplos de Sinop (MT) e Novo Progresso (PA) |
9h00 | Dalton Valeriano (INPE) | Ferramentas alternativas para o monitoramento da degradação |
9h30 | Alessandra Rodrigues (INPE) | Monitoramento da degradação pelo Deter-B |
10h00 | Café | |
10h30 | Debate | Trabalho com base em perguntas orientadoras |
12h00 | Almoço | |
Mesa 6 Monitoramento da degradação florestal em países da Bacia Amazônica |
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14h00 | Lina Katerine Vergara (IDEAM) | Estimación de la degradación de bosques en Colombia |
14h30 | Carlos Ponce (MAE) | La degradación forestal y el sistema de monitoreo de bosques y biodiversidad en Ecuador |
15h00 | Debate | Sessão de perguntas aos palestrantes |
16h30 | Café de encerramento do seminário |
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